A visão é um dos sentidos mais importantes no desenvolvimento das crianças. Desde os primeiros meses de vida até à adolescência, é fundamental garantir que os olhos estão saudáveis e a visão se desenvolve corretamente. Neste artigo, respondemos às principais dúvidas dos pais sobre como cuidar da saúde ocular infantil.
Quando deve ser feita a primeira consulta ao oftalmologista?
A primeira avaliação oftalmológica deve acontecer ainda nos primeiros meses de vida. O teste do olhinho, realizado na maternidade, permite identificar alterações congénitas graves como catarata, glaucoma ou tumores oculares. Mesmo que o teste esteja normal, é recomendado que a criança seja avaliada por um especialista entre os 6 meses e 1 ano de idade.
Após essa fase, as consultas devem ser repetidas aos 3 anos e, depois, anualmente ou conforme indicação do oftalmologista, especialmente se houver histórico familiar de problemas de visão.
Quais são os sinais de que uma criança pode ter problemas de visão?
Muitos problemas visuais podem passar despercebidos nos primeiros anos de vida. É por isso que os pais e educadores devem estar atentos a sinais como:
- Aproximar-se muito de livros, televisão ou tablets;
- Esfregar os olhos com frequência;
- Queixas de dores de cabeça ou cansaço visual;
- Dificuldade de concentração na escola;
- Olhos desalinhados (estrabismo) ou movimentos oculares anormais;
- Piscar excessivamente ou semicerrar os olhos para ver melhor.
Qualquer um destes sinais justifica uma avaliação oftalmológica o quanto antes.
O uso de ecrãs afeta a visão das crianças?
Sim, o uso excessivo de ecrãs pode ter impacto negativo na visão infantil. O contacto prolongado com tablets, telemóveis e computadores aumenta o risco de fadiga ocular e pode acelerar o desenvolvimento de miopia.
As boas práticas indicam que:
- Crianças com menos de 2 anos não devem usar ecrãs;
- Entre os 2 e os 5 anos, o tempo de uso deve ser limitado a 1 hora por dia;
- Crianças entre os 6 e os 10 anos devem evitar ultrapassar 2 horas por dia;
- Devem ser feitas pausas regulares: a cada 20 minutos de ecrã, a criança deve olhar para algo distante durante 20 segundos;
- A distância ideal entre os olhos e o ecrã deve ser de, pelo menos, 30 centímetros.
Além disso, é importante incentivar o uso consciente da tecnologia e promover atividades ao ar livre.
A luz solar pode prejudicar os olhos das crianças?
Sim. A exposição excessiva à luz solar, especialmente sem proteção adequada, pode danificar os olhos das crianças e aumentar o risco de doenças oculares no futuro. Isso acontece porque os olhos infantis são mais sensíveis à radiação ultravioleta (UV).
Para proteger a visão:
- Usar chapéus de aba larga em dias de sol;
- Preferir locais com sombra durante as horas de maior incidência solar (entre as 10h e as 16h);
- Utilizar óculos de sol com lentes certificadas e proteção contra raios UV, mesmo em dias nublados.
Que alimentos ajudam a proteger a visão?
A alimentação desempenha um papel fundamental na saúde ocular infantil. Uma dieta equilibrada fornece os nutrientes necessários para o bom funcionamento dos olhos. Os alimentos mais recomendados são:
- Legumes e verduras ricas em vitamina A, como cenoura, abóbora e espinafre;
- Frutas cítricas com vitamina C, como laranja e kiwi;
- Peixes gordos, como salmão e sardinha, fontes de ômega-3;
- Frutos secos, como nozes e amêndoas, que contêm vitamina E;
- Ovos, que são ricos em luteína e zeaxantina.
Promover uma alimentação variada desde cedo é uma forma eficaz de proteger a visão.
Brincar ao ar livre ajuda na saúde dos olhos?
Sim. As atividades ao ar livre contribuem significativamente para a saúde visual. A exposição à luz natural, de forma equilibrada, está associada à redução do risco de miopia, especialmente durante os primeiros anos escolares.
Recomenda-se que as crianças passem pelo menos 2 horas por dia ao ar livre, sempre com os devidos cuidados com a exposição solar. Estas atividades não só melhoram a visão, como também favorecem o bem-estar físico e mental.
Como ensinar bons hábitos de higiene ocular?
A prevenção de infecções oculares começa com a educação para hábitos de higiene simples. É importante ensinar à criança que não deve:
- Coçar os olhos com as mãos sujas;
- Partilhar toalhas, lenços ou maquilhagem com outras pessoas;
- Dormir com lentes de contacto (quando aplicável) ou com maquilhagem;
- Tocar ou esfregar os olhos com frequência.
Lavar as mãos com regularidade é uma medida eficaz para evitar conjuntivites e outras infeções.
Com que frequência devem ser feitas consultas de rotina?
Mesmo que a criança não apresente sintomas, é recomendável realizar exames oftalmológicos regularmente. A frequência indicada é:
- Primeira consulta entre os 6 meses e 1 ano;
- Nova avaliação aos 3 anos;
- Exames anuais a partir da entrada no ensino básico.
Caso haja histórico familiar de anomalias como miopia, astigmatismo, hipermetropia ou estrabismo, o acompanhamento deve ser mais rigoroso.
Problemas de visão podem afetar o desempenho escolar?
Sim. Muitas crianças com dificuldades de aprendizagem apresentam, na verdade, problemas de visão não diagnosticados. Ver mal o quadro, não conseguir acompanhar a leitura ou sofrer de dores de cabeça frequentes pode afetar diretamente o rendimento escolar.
É por isso que os pais devem considerar os exames de visão como parte essencial da preparação para o regresso às aulas. Identificar e corrigir precocemente erros refrativos pode melhorar significativamente o desempenho académico e a autoestima da criança.
Cuidar da visão das crianças é um investimento essencial no seu desenvolvimento, aprendizagem e qualidade de vida. Com hábitos saudáveis, uma alimentação equilibrada, uso responsável da tecnologia e acompanhamento médico regular, é possível garantir que os olhos dos mais pequenos cresçam saudáveis e preparados para o futuro.
Se houver dúvidas ou sinais de alerta, o mais importante é consultar um profissional de saúde ocular. O diagnóstico precoce faz toda a diferença.